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Às vezes ficamos pasmos, ao vermos certas pessoas fazerem opções que parecem contrastar com escolhas mais lógicas ou mais compatíveis com suas maneiras de viver. Numa análise rápida, chega-se à conclusão de que, no caso, a ânsia pelo poder dominou a decisão. De acordo com cada perfil, a busca pelo poder é mais forte em uns do que em outros, melhor dizendo, há uma gradação extensa, diferente de pessoa para pessoa, no tocante a querer ser sempre o mandão. É claro que a sociedade humana precisa de uma hierarquia, com uma visão ampla do princípio da autoridade, no sentido de tornar viável a própria estrutura social. Tanto no âmbito pessoal, quanto no social, é uma distorção a luta e a ânsia por mais poder. Um grande pensador e escritor norte-americano, John Kenneth Galbraith (1908-2006), dedicou muitos estudos sobre o poder, conforme mostram diversos dos seus livros, em especial a magistral obra Anatomia do Poder, editora Pioneira, 1986.
Como o próprio nome sugere, Anatomia do Poder disseca esse assunto, o qual parece complexo e muito subjetivo, e o transforma em algo de fácil acesso e de clara compreensão. Tema tão comum no dia a dia das pessoas, no entanto, a própria definição de poder é de teor bastante diverso. O autor cita Max Weber para definir essa palavra: “É a capacidade de uma ou mais pessoas realizarem sua própria vontade num ato comunal contra a vontade de outros que participam do mesmo ato”, ou, de forma mais simples, “É a possibilidade de alguém impor a sua vontade sobre o comportamento de outras pessoas”. Portanto, quanto maior for a capacidade de impor tal vontade e atingir o correspondente objetivo, maior o poder.
Galbraith disseca o poder de forma a torná-lo nítido aos olhos do leitor, e aponta três vias para usá-lo: o poder condigno, o compensatório e o condicionado. O termo poder condigno deve ser entendido como poder coercivo, pois seu uso implica em ameaça, coerção e punição. É típico dos regimes totalitários, mas é também uma prática das sociedades democráticas, por meio de regras para garantir os direitos e alertar para os deveres de todos. Em certos casos, descamba para a crueldade. Em contraste, o poder compensatório conquista pela recompensa, na maioria das vezes por ganho pecuniário. O uso do dinheiro ou outras vantagens pessoais para conseguir adesões pode levar a enormes distorções, tanto em âmbitos maiores, a exemplo do meio político, quanto em pequenos grupos humanos. O poder condicionado baseia-se na convicção, na crença do valor intrínseco de uma tarefa ou de um princípio. Ele se expande através da persuasão. A educação em geral e os meios de comunicação de massa têm grande importância na difusão desse tipo de poder.
Galbraith cita autores que deram apoio às suas pesquisas, com destaque para Max Weber e Bertrand Russel, e, entre outros, lista os livros The Power Elite, de C. Wright Mills, Authority, de Richard Genne, e Power, de Dennis Wrong, além de revelar a possível influência recebida de Maquiavel. Ele entra em detalhes sobre as principais fontes de poder: a personalidade, a propriedade e a organização. Outro destaque é a dialética do poder, ou seja, a reação oposta para impedir a tentativa de dobrar uns à vontade de outros. Encerro com a frase de Shakespeare: “Ó poder! Ó grandeza! Milhões de olhos falsos em ti se fixam!”
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