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Em 2012, um sapato com pequeno salto, que pertenceu à rainha Maria Antonieta (1755-1793), foi a leilão e comprado por 50.000 Euros. A rainha, esposa do rei Luís XVI – ambos levados à guilhotina no decorrer da Revolução Francesa –, devota do luxo, transformou os hábitos do Palácio de Versalhes, com capricho nas roupas, nos sapatos e nos penteados. Se as mudanças por ela impostas à corte da França foram ostensivas, ao ponto de instigar o povo à revolta contra a realeza, o mesmo não ocorre com a duquesa Kate Middleton, que, apesar de se mostrar sempre elegante, não perde a discrição e atrai a simpatia de seguidoras em todo o mundo, as quais a consideram um ícone da moda feminina. Essas duas mulheres, de épocas distintas, podem até ser vistas como símbolos de dois tipos de moda: a discreta, por isso mesmo natural, e a esnobe, por isso mesmo falsa e soberba. Em tempo: quem escreve estas notas nada entende do assunto moda.
Algumas amigas pediram-me que voltasse a escrever sobre “o salto alto das mulheres”, título do texto que publiquei duas semanas atrás. De bom grado, aceitei a sugestão, até porque, sem ser expert no tema, sou um observador casual desses tipos de sapatos e dos efeitos que produzem nas pessoas que os usam. Sensível a tudo o que, para mim, envolve o belo, julgo-me até mesmo meio curioso, em alguns casos, conforme a cena a seguir. Certa vez, sentado em uma cadeira dentro de uma sapataria, à espera da minha mulher e de uma filha à procura de um produto da loja – haja paciência –, vi uma jovem e bonita mulher provando sapatos de salto alto. Foram, no mínimo, 10 tipos diferentes, e, a cada um, ela calçava e ficava em pé, via-se no espelho, retorcia o corpo e se olhava por todos os ângulos, andava para um lado e para o outro, empertigava-se, e logo sentava e passava a calçar outro modelo. Tive vontade de lhe dizer que todos lhe ficaram muito bem. Ao final, não comprou seu objeto do desejo, agradeceu e saiu. Fiquei a pensar: esse ritual deve se repetir em outra loja, até ela encontrar a peça que, na sua mente e na sua intuição, possa aumentar o feitiço dos seus pés, o encanto do seu corpo e a confiança em si mesmo.
Certas feministas, a exemplo da ativista Germaine Greer, são contra os saltos altos, pois acham que o uso desses sapatos transforma as mulheres em objetos sexuais. No entanto, em outra direção, está o sociólogo Jean-Claude Kaufmann, citado na matéria “Mulheres de salto alto exercem maior poder sobre homens”, a qual se reporta a uma pesquisa realizada na Universidade do Sul da Bretanha. Kaufmann, que não participou da pesquisa, afirma: “Em termos de sedução, os homens são muito atraídos por uma mulher de salto, porque ela parece mais alta, mais sexualmente confiante, segura de si, com uma silhueta mais alongada e um bumbum mais saliente.” Mais na frente, o próprio Kaufmann completa: “Os saltos não subordinam as mulheres, eles as empoderam no romance. A coisa importante a se lembrar na sedução é que tudo faz parte de um jogo”.
No recente Festival de Cannes, para caminhar sobre o tapete vermelho as beldades tinham de usar salto alto. Se isso foi verdade, houve um erro grosseiro, pois o principal era a pessoa que por ali passava, era a própria mulher, e não um mero acessório, o sapato de salto alto.
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