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Norte-rio-grandense de Caicó, Murielle tem uma vida voltada para fazer o bem e para difundir a Doutrina de Cristo. Integrante do grupo Shalom, hoje ela mora em Toronto, no Canadá, mas já residiu em Toulon, França, sempre a serviço dessa comunidade católica. Shalom nasceu em Fortaleza, no início da década 1980, e recebeu logo as bênçãos de João Paulo II. Agora, na canonização de João de Deus, os integrantes Shalom viveram intensas emoções, e muitos se mobilizaram para participar das celebrações em Roma. Amiga dileta de um filho meu, Augusto, e da nora Ligiane, Murielle também é grande amiga de Romeica, minha filha. Assim, por tabela, eu e minha mulher guardamos por ela especial afeição, bem-querer e amizade. Ciente dos atuais problemas de saúde que enfrento – tudo está sob controle –, ela reza e pede a Deus em prol da minha completa recuperação. No domingo, 20 de abril passado, Murielle ligou para saber notícias e para informar: "Estarei em Roma a fim de assistir à canonização de João Paulo II e levarei vocês em um lugar do meu coração". E foi assim que nos sentimos ao olharmos as imagens na tela, como se estivéssemos lá, com devoção e emoções ao extremo.
A Igreja Católica viveu um momento único, com a canonização dos dois Joãos pelo Papa Francisco, com a presença do Papa emérito Bento XVI. João XXIII e João Paulo II deixaram exemplos de vida santificada, que os levaram aos altares, pouco tempo depois de suas mortes. Chego a pensar que, para os céus, um santo já é santo mesmo em vida, sendo a morte condição "sine qua non" para a Igreja começar o processo de várias etapas, até culminar com a canonização. Cabe a pergunta: pode existir um santo anônimo, que nunca passou nem passará pelo crivo das leis canônicas? Sabe-se que, no início da era cristã, os santos, sem contar os mártires, eram escolhidos pelos fiéis, pelos seguidores de Cristo, à revelia da cúpula da Igreja. Há consenso, Igreja e povo de Deus, de que certas vidas humanas, plenas da prática das virtudes teologais – fé, esperança e caridade – e da imitação de Cristo, conseguem a santidade, mesmo sem chegar aos altares? Muitos de nós temos nomes de pessoas que viveram em santidade, e, portanto, suas almas devem integrar a "comunhão dos santos". Mas isso é assunto para teólogos, e cabe aqui relembrar Shakespeare, em Hamlet: "Há mais coisas entre o céu e a terra, do que sonha nossa vã filosofia".
Em 28/04/2011, publiquei, nesta Tribuna do Norte, texto sob o título "Carta ao Beato João Paulo II", do qual resgatei as palavras seguintes: "Nesta carta, tratar-vos-ei de forma meio protocolar, mas cogitei sobre o uso do pronome ‘você’, a fim de ficar mais próximo do vosso estilo de vida terrena, sempre com a humildade dos santos e a grandeza dos simples. (...) Em 1991, estivestes em Natal, beijastes o chão natalense e celebrastes a missa de encerramento do XII Congresso Eucarístico Nacional. Esta cidade tem mais esse eterno preito de gratidão a vossa bondade, bem assim ao Cardeal Dom Eugênio Sales, artífice dessa visita". Karol Wojtyla e Eugênio Sales, ambos nascidos em 1920, eram bons amigos, e a vinda do Papa ao Brasil, por três vezes, com certeza se deve em grande parte a esse tão insigne filho da cidade de Acari (RN). A história de Natal tornou-se mais cheia de luz e de esplendor, com a visita de João Paulo II em 1991, o único santo canonizado a percorrer ruas e a ser visto ao vivo pelo povo de Deus desta terra, bem assim a pisar o chão e a ver semblantes e paisagens norte-rio-grandenses.
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