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Onofre Lopes
05.07.2007
O dia 13/07/2007 assinala o centenário de nascimento e o 23º ano do falecimento de Onofre Lopes. Por muitos anos, foi médico-cirurgião dos mais destacados em Natal. Aliava a competência profissional ao humanismo médico e sempre honrou o juramento hipocrático. No afã de mais e melhor exercer a medicina, tornou-se auxiliar e amigo do Dr. Januário Cicco, então diretor do Hospital Miguel Couto, hoje Hospital Universitário Onofre Lopes. Esse vínculo levou-o a fundar a Faculdade de Medicina de Natal, em 1955, marco definitivo para a criação da Universidade, a qual viria a ser sua maior e mais meritória obra. Iniciada como universidade estadual, em 1958, a instituição foi federalizada dois anos depois, pela ação pertinaz e competente do seu fundador. Hoje, reconhece-se: não há bem maior para o nosso Estado do que a existência da UFRN.
Predestinado a ser pioneiro, Onofre Lopes consolidou a instituição universitária no Rio Grande do Norte, durante os doze anos de exercício do cargo de Reitor. Ao deixar a Reitoria, deu seqüência ao maior programa de extensão da universidade brasileira, o CRUTAC, por ele criado, expandindo essa experiência única a quase todo o Brasil.
Das mãos do Reitor Onofre Lopes recebi o diploma de médico, em 1965, e, no ano seguinte, fui por ele convidado para trabalhar no CRUTAC, integrando a primeira equipe de saúde desse ousado programa. Por três vezes tive a oportunidade de homenageá-lo, uma em vida e duas “post-mortem”. Em 1980, quando exercia a função de Diretor do Centro de Ciências da Saúde, nas comemorações dos 25 anos da Faculdade de Medicina, entreguei-lhe, em sessão magna, o troféu “Bisturi de Prata”. Na condição de Reitor da UFRN (1987-1991), ocorreu-me a feliz idéia de instalar na Reitoria um grande painel, óleo sobre tela, obra do renomado artista plástico Dorian Gray, em honra a Onofre Lopes. Esse extraordinário e definitivo trabalho artístico, denominado “Universalidade”, ostenta a figura do fundador da UFRN em primeiro plano e está localizado no gabinete do Reitor. Em 1988, no ápice das comemorações dos trinta anos da Universidade, inaugurei o busto do primeiro Reitor da UFRN, no átrio da Reitoria. Confeccionado em bronze, o busto foi custeado por muitos professores da Instituição, principalmente os mais velhos, seus aliados na época áurea e árdua da primeira experiência universitária em nossa terra.
Identificava-se com as crenças e valores da sua terra e da sua gente, favorecido pelos laços genéticos com a raça negra. Na sua respeitosa presença, pressentia-se aura de sabedoria, de idealismo e de confiança. Fronte sempre erguida, caminhava com passos firmes como se olhasse para o horizonte. Deve ter se envaidecido das funções que exerceu, mas, de forma eloqüente, engrandeceu os cargos que ocupou. Não somente dignificou a bata branca de médico, mas também as vestes talares de professor, de reitor e de membro da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, da qual foi presidente por vários anos.
Poucos nomes têm tanto valor para o Rio Grande do Norte quanto os de Câmara Cascudo e Onofre Lopes. São nomes-símbolos desta terra de Poti. Nomes-símbolos que se afirmam cada vez mais à medida que o tempo passa, porquanto cresce o significado dos seus legados, na cultura e na educação. Todavia, numa identificação mais específica, Cascudo é o nosso ídolo da cultura, enquanto Onofre Lopes é o nosso ídolo da educação.
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