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Presto honras ao Reitor Onofre Lopes, 106 anos depois do seu nascimento – 13/07/1907 – e 29 anos depois de sua morte – 13/07/1984 –, ao trazer à lembrança o Crutac, programa do qual me orgulho de ter sido um dos pioneiros, e que foi um dos seus ideais mais intensamente vividos.
Além de fundar a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Onofre Lopes criou o Centro Rural de Treinamento e Ação Comunitária-Crutac, conhecido como o maior programa de extensão universitária do Brasil, e talvez do mundo. Entrei na Universidade em 1960, ou seja, menos de dois anos após sua criação como instituição estadual, e, na condição de aluno calouro, vi a festa e me integrei às celebrações pela federalização. E, ao Crutac, a segunda maior obra surgida da ousadia e da vontade de bem servir de Onofre Lopes, cheguei lá ainda no alvorecer do projeto, pois empolguei-me pelos objetivos daquela ação de vanguarda acadêmica, voltada para a gente interiorana. Seis meses após receber meu diploma de médico, um convite do Reitor Onofre Lopes levou-me à sua presença, em seu consultório clínico, na Ribeira. Até chegar ao destino, não sabia do assunto a ser tratado. Dr. Onofre, então, começou a me falar sobre seu projeto de levar a Universidade para o interior, para a região do Trairi, com sede em Santa Cruz. Disse-me que tudo começou quando uma senhora santa-cruzense o procurou para pedir que fizesse algo a fim de reabrir o Hospital da cidade, há anos fechado, fato que representava um descaso do poder público com a população carente daquela região. Sensibilizado pela proposta, ele também um homem vindo de uma pequena urbe rural, pensou em reabrir o Hospital para servir de estágio aos concluintes dos cursos da área da saúde.
Porém, sua ideia inicial havia evoluído no sentido de expandir a interiorização para todos os cursos da Universidade. Ao explicar o projeto, ele mostrava a força da sua convicção em redimir injustiças, em criar polos de desenvolvimento nas áreas menos favorecidas, além de interferir na formação de alunos e na atuação de egressos, tornando-os mais sensíveis com os problemas sociais, pelo contato direto com a realidade da pobreza interiorana. Ao falar sobre o Crutac, o Reitor Onofre Lopes parecia mostrar até mais emoção do que ao discorrer sobre a UFRN, motivo capaz de levar o ouvinte a aderir, a se envolver e a se comprometer com a ideia. Diante da missão para a qual o Reitor me convidava, não hesitei, deixei de lado meus outros sonhos profissionais, e, no dia 2 de agosto de 1966, estava em Santa Cruz, participando da inauguração do Centro Rural Universitário de Treinamento e Ação Comunitária.
Cheguei a Santa Cruz poucos dias antes da inauguração do Crutac. O Reitor incumbiu-me de reorganizar o Hospital, de pôr tudo em ordem para a abertura e funcionamento. Durante cerca de dois anos, ainda solteiro, morei no próprio Hospital. Integrei as equipes dos profissionais da saúde que, com os estudantes, atendiam os pacientes em Santa Cruz e nos municípios da região do Trairi. Vi de perto o mutirão dos diversos setores da UFRN, todos unidos em prol da boa causa, sob a mística passada pelo professor Onofre Lopes. Depois de tantos anos, ainda guardo comigo a emoção e o orgulho de ter vivido o Crutac, programa integrado à história das universidades brasileiras, que mostrou para o mundo, na prática, como as instituições acadêmicas devem manter o olhar universal, mas com foco principal nas questões regionais e locais, e de como precisam atuar para formar cidadãos éticos e profissionais imersos no senso da justiça social.
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