Central de Relacionamento - (84) 3215-2917
WhatsApp - (84) 3215-2917
Já prometi a mim mesmo passar um bom tempo em Paris, somente para flanar, conforme termo usado por Eros Grau em seu recente livro Paris-Quartier Saint-Germain-des-Prés, ou para não fazer nada, como ensina a escritora Danuza Leão. No caso, flanar é andar a esmo, meio sem rumo e sem o rigor de hora marcada; e não fazer nada é, digamos, sentar à mesa de um café quando bem lhe aprouver, ou visitar os pontos de interesse sem o corre-corre dos turistas. É claro que a promessa ainda não foi cumprida. Enquanto isso, vou lendo o que posso sobre a "cidade luz", a exemplo do livro de Eros Grau, ou outro de poucas páginas: "E foram todos para Paris" – um guia de viagem nas pegadas de Hemimgway, Fitzgerald & Cia. Ambos são muito bons: o primeiro, do Ministro Eros Grau, revela todo seu vínculo de bem-querer com a cidade, o afeto vivencial ao Quartier, leitura que prende a atenção pelo estilo solto e às vezes pelas surpresas dos relatos; o segundo, escrito pelo jornalista Sérgio Augusto, é "sui generis" na intenção de demarcar os espaços e de ressaltar o dia a dia dos personagens da "geração perdida".
"A América é minha pátria e Paris, meu lar", dizia a escritora Gertrude Stein, nascida na Pensilvânia – EUA – em 1874, tendo se mudado para Paris, em 1903. Reinou como abelha – mestra naquela cidade, em torno de quem gravitavam famosos escritores e poetas expatriados, de forma mais nítida nos anos 1920 e 1930. Adotou a expressão "geração perdida" para identificar todos esses expatriados, depois de ouvi-la do dono de uma oficina mecânica – dirigindo-se a um empregado – ao concordar com a queixa que Gertrude fizera por um serviço mal feito em seu carro: "Todos vocês que serviram na guerra (Primeira Guerra Mundial) são uma génération perdue!" Dois principais endereços, à época, atraíam os autores de obras literárias e artistas que viviam em Paris, vindos de outras plagas: a morada de Gertrude Stein, com sua companheira Alice B. Toklas, e a livraria Shakespeare and Company, de Sylvia Beach. Frequentavam esses endereços: Scott Fitzgerald e Zelda, Ezra Pound, Ernest Heningway, James Joyce, entre muitos outros, embora fosse evidente a falta de apreço de Gertrud Stein para com o autor de Ulisses. Ao se falar dos anos de ouro da capital francesa, e da Rive Gauche, vem à lembrança o ótimo filme Meia-Noite em Paris, genial produção de Woody Allen. Além dos nomes citados, outras figuras entram em cena, a exemplo de Salvador Dali, Pablo Picasso e Luís Buñuel. O filme é um resgate nostálgico de um tempo mágico que reuniu em um mesmo espaço urbano tantas mentes e tantos espíritos notáveis, tempo e pessoas também capazes de inspirar pesquisas e estudos expressos em belas criações culturais nas letras e nas artes. Enfim, Paris é cidade musa.
Outra leitura que me fascinou, ainda em relação ao tema, fiz nas páginas do livro "Casados com Paris". Lançado em 2011, o título recebeu essa tradução pouco feliz, a partir do original em inglês "The Paris Wife". A autora é a norte-americana Paula McLain, e o romance aborda a vida de casados de Ernest Hemingway e sua primeira mulher, Hadley Richardson. Ficção que se baseou em fatos reais, narrada na primeira pessoa na voz de Hadley, a história começa em Chicago desde o primeiro encontro dos dois, ele com 21 anos e ela com 28, mas se dedica com ênfase à vida do casal em Paris nos anos 1920. Nessa época, na interação com a "geração perdida", começou a florescer o estilo objetivo e a linguagem sucinta do grande escritor Ernest Hemingway. Ao final do livro, McLain refere-se às fontes de pesquisa, com destaque para "Paris é uma festa", do próprio Hemingway, e diz que se manteve fiel aos fatos, porém explorou mais a fundo o lado emocional dos personagens. Depois dessa leitura, não dá para não reler a obra "Paris é uma festa".
Aumentar fonte ("CTRL" + " + ") ou ("COMMAND" + " + ")
Diminuir fonte ("CTRL" + " - ") ou ("COMMAND" + " - ")