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Paz e alegria no campus
24.05.2007
Um campus acadêmico não é somente o lugar onde professores e alunos desenvolvem novos conhecimentos; ou o lugar onde é obtido o diploma de ensino superior. O campus deve ser muito mais que isso, pois é o espaço de encontro de gerações, de intercâmbio de idéias, de sedimentação de conceitos e de valores. Nessas interações, surgem grandes amizades, muitas das quais perduram pelo resto da vida. A miscigenação de pensamentos e de pontos de vista propicia o crescimento pessoal, alimenta a socialização e amplia a visão da vida e do mundo. O campus acadêmico repleto de seus usuários é bonito de se ver, pois extravasa de energia, é alegre e vibrante. Habilidades e competências evoluem nas salas de aula, laboratórios e bibliotecas, mas também na informal e saudável convivência diária.
A sucinta descrição acima refere-se ao campus universitário que tem as características próprias dos excelentes lócus acadêmicos. É preciso entender que não são somente prédios, nos quais se instalam os equipamentos mínimos que a lei exige. Há de se atentar para a harmonização e para a funcionalidade do conjunto. Muito importante é a possibilidade do encontro entre os estudantes das diversas áreas de estudos. Além do ótimo ambiente físico, é necessário haver também o ambiente democrático, no qual todos se sintam parte de um todo em busca de novos horizontes. A competição sadia é bem-vinda, mas a integração faz parte da mística que envolve o conjunto dos habitantes do campus. Cada um deve se sentir participante das conquistas obtidas e das metas de desenvolvimento, tanto material, quanto espiritual. Os responsáveis mais diretos pelo bom funcionamento da unidade acadêmica devem ter a visão do todo, sem perder, entretanto, o contato individual e sem descurar das desventuras que por acaso atinjam qualquer dos seus integrantes.
Faço essas digressões ao imaginar as terríveis cenas vividas, há poucos dias, no campus do Instituto Politécnico da Virgínia (Virginia Tech), nos Estados Unidos. Por que o sul-coreano Cho Seung-hui, 23 anos e concluinte do curso de literatura inglesa, matou a tiros 32 estudantes e depois se suicidou? Li várias matérias sobre o triste episódio. Diversas interpretações são feitas, desde a influência dos atos de ferócia rotineiros no Iraque, sob a responsabilidade do Presidente Bush, até a cultura americana que identifica os “winners” (vencedores) e os “losers” (perdedores). O ato de Cho teria sido uma vingança por ser visto como perdedor? Na gravação que enviou para a mídia, ele disse: “Fiz isso para impedir que o que vocês fizeram comigo seja feito às futuras gerações de fracos e indefesos”.
Não há dúvidas do prolongado distúrbio psíquico do estudante Cho, conforme relatos de seus colegas e professores. Relembro algumas experiências que tive, ao longo de tanto tempo na lide educacional, com alunos que apresentavam sérios problemas comportamentais. Graças a Deus, medidas preventivas, com apoio das famílias, garantiram a tranquilidade deles próprios e dos seus colegas. A dor vivida no Virginia Tech alcança todo o mundo, especialmente os que conhecem e querem o campus acadêmico como local alegre, onde as boas emoções e a inteligência encontrem meio fértil para as ações de pessoas felizes, em busca de novas felicidades.
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