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Por Um Fio
23.02.2005

Não é à toa que “Por um fio” permanece há meses como um dos mais vendidos, entre os livros de não-ficção. Em suas páginas encontra-se parte da experiência médica vivida por Dráuzio Varela, na especialidade de oncologia, lidando com pacientes que vislumbravam a proximidade do fim. O texto leva o leitor a refletir sobre a vida, a morte, os seus mistérios; sobre as fragilidades e as fortalezas humanas; sobre o que é aparente e o que é real; sobre o que tem valor e o que é banal, ilusório. Vejamos essa passagem: Dr. Dráuzio vai visitar um paciente acometido de câncer em fase avançada. Era uma residência luxuosíssima, dois automóveis Mercedes-Benz na garagem, pois se tratava de pessoa muito rica. Ao entrar nos aposentos, aguardou alguns minutos para que o paciente terminasse o diálogo que mantinha com um jovem auxiliar. Ao sair, o rapaz saltou sobre um pequeno obstáculo à sua frente. O doente, como se ninguém o ouvisse, assim falou: “Dava o que tenho para dar um pulo desses”. Dráuzio Varela, além do exercício da medicina curativa, atuando como oncologista que faz jus à fama de competente e humanista, voltou-se para a medicina preventiva e para a difusão de hábitos benfazejos à saúde. Estão, ainda, na memória de milhões de brasileiros suas reportagens realizadas na Rede Globo de Televisão, abordando os malefícios causados pelo cigarro, bem assim, as mensagens de orientação às gestantes, através de conselhos práticos, fáceis de aprender e executar, capazes de proporcionar gestações e partos sem problemas e, conseqüentemente, nascimentos de crianças saudáveis. Seus excelentes artigos publicados no jornal Folha de São Paulo, escritos de forma límpida e elegante, revelam a inteligência e a riqueza de conhecimentos de uma pessoa vocacionada para a defesa das boas causas. “Por um fio”, título que tem tudo a ver com o conteúdo desse maravilhoso livro, lembra, também, a situação vivida pelo famoso médico e escritor, autor de obras líderes de venda, que, recentemente, viu a morte de perto. Estudioso irrequieto e pesquisador perspicaz, envolveu-se com uma investigação científica de âmbito universitário, visando identificar e comprovar a ação medicinal de uma planta da Amazônia. Alguns meses atrás, repetindo jornadas anteriores e no afã de prosseguir sua pesquisa, adentrou na Floresta Amazônica, navegando por afluente do rio Negro. Na oportunidade, foi picado por um inseto e adquiriu forma grave de Febre Amarela, porquanto sua vacina estava vencida. Felizmente, Dráuzio Varela está são e salvo, tendo já retornado às atividades na televisão e de articulista na Folha de São Paulo. Mesmo no infortúnio, continuou a nos ensinar, pois o susto que passou deve servir de alerta para todos, no que concerne aos necessários meios preventivos de muitas doenças. Salvou-se “por um fio”, graças a Deus; e viva o Dr. Dráuzio, médico humanista, escritor primoroso e arauto do bem.