Sanguessugas - Centro Universitário do Rio Grande do Norte - UNI-RN
  • Home
  • Institucional
  • Sanguessugas

Notícias

Sanguessugas
10.08.2006

Como o próprio nome define, esses bichinhos são hábeis em sugar o sangue para se nutrirem de proteínas e hemáceas. Medem de 6 a 10cm, o corpo é achatado e formado por anéis. Possuem ventosas para fixação, por meio das quais aspiram o líquido vermelho que lhes dá saúde e vitalidade. Podem ingerir uma quantidade de sangue bem maior do que o próprio corpo, trabalham em silêncio, são ávidos e insaciáveis. Não são bobos, pois, para aumentar sua ação aspirativa, secretam uma substância anticoagulante, a hirudina, a qual facilita a sucção do insumo alimentar. Existem em todo o mundo mas as maiores espécies do planeta são brasileiras. As sanguessugas já tiveram sua época de glória. Por quê? Como explicar isso se são parasitas, se vivem às expensas dos outros, se espoliam o hospedeiro e se não exercem qualquer atividade positiva e digna de registro? A fama desses invertebrados vem de longe, quando se pensava ser benéfica e terapêutica a sangria que realizavam. Assim, as sanguessugas são também personagens presentes na história de medicina, embora tenham se dissipado no tempo seus atributos curativos. “A vida é curta, a Arte é longa, a ocasião fugidia, a experiência enganadora, o julgamento difícil”. Este é o primeiro aforismo de Hipócrates (460-377 a.C), considerado o Pai da Medicina. Essa condição significa a ruptura de uma fase mágico-religiosa para uma concepção filosófica da medicina como arte e ciência. Definitivos também são os cânones éticos presentes no juramento de Hipócrates, até hoje respeitados e admitidos como princípios básicos do exercício profissional. A ciência médica hipocrática estabelecia que a saúde era obtida pelo equilíbrio dos quatro humores, sangue, flegma, bile amarela e bile negra, que correspondiam aos quatro temperamentos, sanguíneo, flegmático, colérico e melancólico. Combinavam, também, com os quatro elementos, ar, água, fogo e terra. O desequilíbrio desses fatores gerava a doença, e o tratamento recomendava sangrias, purgas e dieta, embora se saiba que o Pai da Medicina pregava moderação e bom-senso: “ Diante da doença, somente podem ser tomadas duas atitudes: ou curar, ou, pelo menos, não prejudicar”. A sangria foi usada como tratamento durante séculos, ao lado dos clisteres e purgativos, com o intuito de equilibrar os humores. Essa terapêutica permeou a medicina galênica, esteve presente na Idade Média, ultrapassou o Renascimento e chegou até o século XIX. As sanguessugas postas em contato com a pele dos doentes eram alternativas para retirada do sangue, medida espoliativa que se pensava ser benéfica. O médico parisiense François Broussais foi um dos maiores adeptos do uso desses hematófagos na prática médica, e, por sua influência, em 1827, a França importou 33 milhões de sanguessugas. As “sangrias” continuam no Brasil, que sofre os efeitos deletérios da atuação de pessoas despreparadas e desonestas, as quais agem em detrimento do interesse da coletividade. Atualmente, é frustrante observar que as sanguessugas alcançam alta popularidade na mídia, não por estarem nas páginas da história da medicina, mas por se vincularem a notícias de escândalos e falcatruas.

VOLTAR
Whatsapp

Utilizamos cookies para assegurar que lhe fornecemos a melhor experiência na nossa página web.

Política de Privacidade Ver opções