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São Francisco de Assis
10.11.2008
Valério Mesquita publicou neste jornal um belo texto, reportando-se ao discurso do senador Pedro Simon, ouvido no Senado há poucos dias, sobre a vida e os exemplos de São Francisco de Assis. O preclaro escritor diz que foi um momento terno e denso vivido pelo Congresso. E Valério Mesquita pergunta, como forma de afirmar uma verdade: “Como o Congresso Nacional se ergueria se recitasse e fizesse da oração de São Francisco o instrumento de sua paz e o encontro com a verdadeira missão de legislar em favor dos mais pobres?” Esse artigo e esse discurso deveriam ter repercussão nacional, e é bom que a palavra em favor dos que sofrem as agruras sociais tenha vindo da Casa do Povo, pela voz de um dos seus dignos representantes. Mas os exemplos e a história de São Francisco de Assis precisam alcançar toda a sociedade, de forma a inibir o egoísmo, as ambições desvairadas e a arrogância, opostos da paz nas vidas das pessoas e das nações.
O curto período de vinte e quatro anos, que compreende a vida em santidade de Francisco de Assis, é tido como um dos mais significativos da igreja cristã. Porque o amor que veio com Jesus, na condição de mediador entre Deus e o homem, ressurgiu com Assis. Diante dele, as contradições humanas viam-se em confronto: a humildade e o orgulho fútil, os valores interiores e as aparências externas, o poder e a renúncia, o amor e o desamor ou o ódio. É considerado o mais semelhante a Cristo entre todos os santos.
Filho de rico comerciante italiano, Francisco nasceu na pequena cidade de Assis, na Úmbria, no final do século XII. No batismo, recebeu o nome de João, mas o apelido de Francisco terminou por prevalecer. Na mocidade, ajudou os negócios do pai. Era alegre, comunicativo e pródigo em dar esmolas aos pobres. Seguindo os hábitos da época, foi menestrel e trovador. Certa feita, quando atendia a um rico cliente na loja do pai, não prestou muita atenção a um pobre homem que lhe pedira uma esmola. Quando procurou e não encontrou o pedinte, deixou ao léu as mercadorias e o dinheiro da loja e saiu aflito à procura do pobre homem. Ao encontrá-lo, deu-lhe todo o dinheiro que tinha e mais o casaco que vestia. Os leprosos, de quem todos se afastavam, recebiam dele toda a atenção e carinho. Aos 22 anos, alistou-se para lutar em favor da sua cidade, após o que foi acometido de severa doença. Nesses dias, teve o sol como seu amigo e protetor. Da sua janela de enfermo, via a natureza, a qual passou a amar. Cantava louvores ao sol, aos homens, aos animais e a todas as coisas. Em 1205, quando orava na igreja de São Damião, recebeu mensagem de Jesus no crucifixo. A partir de então, abandonou as lides mundanas para “contrair núpcias com a Senhora Pobreza”, quando renunciou à herança, conforme lhe exigiu o pai. Sua mãe, no entanto, libertou-o dos grilhões, ao dizer: “Pássaro de Deus, voa pelo mundo e canta”. Depois do próprio Jesus, Francisco de Assis passou a ser o maior exemplo de fé, de esperança e de caridade, através da prática ingente do amor ao próximo.
Há muitos anos, tenho em casa um quadro de São Francisco, em lugar que me permite vê-lo todos os dias, bela obra do artista Assis Marinho. Todas às vezes que chego à FARN (duas ou mais vezes por dia), vejo a escultura do Santo nos jardins, em contato com a natureza que ele tanto amou. O discurso do senador Pedro Simon e o artigo do escritor Valério Mesquita fazem lembrar a necessidade que temos todos de refletir mais sobre a vida de São Francisco de Assis, antítese dos males da cobiça e da avareza - vilãs da alma humana.
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