Notícias

Sempre Alerta!
18.08.2005

Na década de 50, um estudante paranaense de classe média torna-se o único aluno de uma turma do curso de História Natural, em uma instituição pública de ensino. Então, toma a iniciativa de escrever ao Presidente da República para solicitar que a “turma” fosse extinta e, em recompensa, concedesse-lhe o governo uma bolsa de estudos no exterior. O pedido sensibilizou as autoridades e, em pouco tempo, lá estava Riad Salamuni viajando para os Estados Unidos, a fim de sequenciar os estudos. Após alguns anos, retornou ao seu país formado em geologia e ingressou, logo depois, na carreira do magistério na Universidade Federal do Paraná. Em 1990, Salamuni, tendo já completado seis décadas de vida, foi eleito e assumiu a Reitoria da sua Universidade. Nesse mesmo ano, também fui escolhido pela comunidade universitária da UFRN para o exercício da Reitoria. Assim, na condição de primeiro Reitor eleito, assumi o cargo em maio de 1991. Conheci Riad Salamuni nessa época, nas reuniões do Conselho de Reitores, quando usávamos conversar sobre as nossas Instituições e, por vezes, sobre passagens interessantes das nossas vidas, inclusive quanto a essa inusitada experiência que ele viveu como estudante universitário. Guardo as lembranças mais enaltecedoras da personalidade cordial, da inteligência, da cultura, além das qualidades morais e administrativas desse amigo e colega Reitor daquela importante Universidade. Recentemente, visitou a FARN o Presidente da União dos Escoteiros do Brasil, advogado Paulo Salamuni, vereador por cinco mandatos consecutivos na cidade de Curitiba, que veio a Natal para participar do XXII Mutirão Nacional de Pioneiros e para fundar a Frente Parlamentar dos Escoteiros do Rio Grande do Norte. Fiquei surpreso e sensibilizado ao saber que recebia, naquela ocasião, um filho do amigo Riad Salamuni, que há dois anos partira para a eternidade. O ilustre visitante, também, não escondeu a emoção, por encontrar e abraçar, em terras distantes, alguém que privou da amizade do seu pai, amizade que iniciou e prosperou em meio a coexistentes e semelhantes experiências universitárias. Nesse emocional encontro, disse a Paulo Salamuni que ele visitava uma Instituição nascida sob as bênçãos de um grande intelectual e grande educador, Henrique Castriciano de Souza, fundador da Escola Doméstica de Natal, bem como do escotismo no Rio Grande do Norte, em 1917, por inspiração do seu amigo Olavo Bilac. Passei-lhe às mãos notas biográficas que escrevi sobre o notável norte-rio-grandense, para servirem de subsídios à sua proposta de homenagem, a nível nacional, que os escoteiros do Brasil deverão prestar a Henrique Castriciano, patrono da corporação em nosso Estado. Sempre Alerta! Este é o lema dos escoteiros, que nos remete a reflexões sobre a vigente situação nacional. Diante das calamitosas ocorrências que comprometem seriamente a honorabilidade de importantes segmentos do poder público do país, oxalá o povo brasileiro permaneça “Sempre Alerta”, para que essa atitude sirva não somente como antídoto, mas também, e sobretudo, como prevenção de crises morais e políticas tão graves como a que, atualmente, nos atinge.