Tamancos, Moinhos e Tulipas - Centro Universitário do Rio Grande do Norte - UNI-RN
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Tamancos, Moinhos e Tulipas

Muitos já sabem qual é o teor do texto. É claro que se trata da Holanda, que tem uma grande parte da sua área em nível inferior ao do mar. Entre outras atrações, a exemplo dos notáveis museus, fixei-me nos três símbolos que trazem sempre à mente aquele pequeno grande país e sua gente, conforme as três palavras do título acima. Não dei tréguas a um holandês amigo nosso, Jeroen, logo nas primeiras conversas:  por que o tamanco é um dos objetos típicos da Holanda? Ele respondeu de forma simples e direta: porque é barato, dura muito e é ótimo para o solo úmido das terras rurais do país. A mulher dele que estava ao lado, a natalense e dileta amiga, Sulamita, retrucou: dá para se ver o quanto os holandeses, de um modo geral, são amarrados, são seguros na hora de gastar, isto é, não são perdulários, deduzi. E remendou, sorrindo, para dizer que não era tanto o caso do seu marido. A conclusão foi de que o povo holandês é prático, econômico, objetivo, cultural, científico e, de certa forma, preza muito por suas tradições.

No passado, conheci os tamancos usados pelas mulheres no Brasil, diferente desses que são um dos símbolos da Holanda.  Eles tinham o “solado” de madeira, mas a parte superior que os prendiam aos pés eram de couro. Os tradicionais tamancos da Holanda são feitos somente de madeira, quase sempre como sapatos que protegem os pés por completo. Tempos atrás, eram feitos por artesãos, pelo uso de instrumentos manuais simples, próprios para modelar um pedaço de madeira, a exemplo dos nossos exímios santeiros. Nos dias atuais, modestas máquinas permitem produzir um tamanco em três a cinco minutos, tal qual a demonstração a que assisti em Zaanse Schans. Não se pense que os tamancos estão só na lembrança social do país, pois ainda são usados nas áreas rurais. Uma fábrica desses calçados com 40 operários produz cerca de 40.000 tamancos por mês. Há também a busca pela alta qualidade, inclusive no tocante à beleza de cada par. Todo ano, existe uma feira – Clog of the Year –, para escolher o tamanco do ano, na cidade de Sint-Oedenrode, região na qual floresce a árvore cuja madeira é a melhor matéria prima desses calçados.

A Holanda distingue-se por sua típica feição, a começar pela enorme planície que é e pelas regiões de terra firme – não tão firme assim – tomadas do mar. Pode-se chamar o trânsito da linda Amsterdã de um caos organizado.  É um caos porque pelas vias circulam carros, ônibus, bondes, trens, pedestres e, sobretudo, as bicicletas, tudo isso em aparente tumulto. Sua excelência, a bicicleta, tem ares de dona ou deusa do lugar. Como os espaços públicos são restritos, os veículos parecem ameaçar a todo instante, pela proximidade com que passam nas ruas. Não raro, pode-se ver carros parados nas calçadas, desde que deixem uma passagem para os andantes. No entanto, essa confusão toda se autorregula, organiza-se e termina por transmitir segurança. Mesmo assim, no entorno do DAM, ponto central da cidade, a atenção precisa ser dobrada. Cuidado, pois o olhar fica preso à beleza do lugar, da típica arquitetura, dos monumentos, dos canais com seus barcos, e o odor da maconha pode lhe deixar meio zen! Em tempo:  não chega a tanto.

Acabou o espaço. Na próxima crônica, penso em voltar à Holanda, para reviver as lembranças das tulipas e dos moinhos de vento.

Daladier Pessoa Cunha Lima

Reitor do UNI-RN


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